70% da economia solidária está nas mãos das mulheres: como fortalecer esse movimento?

Pedro Ventura/Agência Brasília

A economia solidária tem um forte protagonismo feminino. Segundo o secretário Nacional de Economia Popular e Solidária, Gilberto Carvalho, 70% dos trabalhadores que constroem esse modelo econômico no mundo são mulheres. No entanto, para que possam alcançar a autonomia econômica e ampliar sua participação no mercado de trabalho e nos espaços públicos, é fundamental que o Estado e seus parceiros ofereçam suporte e incentivos.

Esse foi um dos temas abordados em uma live promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) como parte das ações em alusão ao Dia Internacional da Mulher. O evento reuniu lideranças femininas que atuam na economia solidária e discutiu os desafios e avanços desse setor no Brasil.

A secretária Nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados do Ministério das Mulheres (MM), Rosane Silva, destacou que as mulheres ainda estão, majoritariamente, em setores menos valorizados e em funções que permitem conciliar o trabalho com as responsabilidades de cuidado com a família. Esse cenário reforça a necessidade de políticas públicas que promovam uma distribuição mais equitativa das tarefas domésticas e incentivem a presença feminina em setores estratégicos da economia.

Um exemplo de como a economia solidária pode transformar vidas é o caso de Ana Paula de Abreu Lourenço, motorista de aplicativo de 46 anos. Após perder o emprego em 2023, Ana Paula passou a trabalhar em grandes plataformas de mobilidade, mas enfrentava dificuldades como insegurança e preconceito. Foi somente ao ingressar na Liga Coop, uma cooperativa de mobilidade urbana baseada nos princípios da economia solidária, que encontrou um ambiente de respeito e valorização profissional.

A Liga Cop ofereceu uma alternativa sustentável e equilibrada, que coloca o bem-estar coletivo acima dos interesses individuais, fazendo com que eu me encontrasse como mulher e profissional, sendo respeitada e valorizada. Assim como os demais, tenho voz, vez e voto para decidir o que é melhor para o coletivo”, declarou Ana Paula.

O crescimento da economia solidária e sua forte representatividade feminina mostram a importância de criar mecanismos de apoio para garantir que mais mulheres possam ter acesso a um mercado de trabalho justo e sustentável. Com iniciativas inovadoras e políticas públicas eficientes, esse modelo pode se tornar um dos pilares para a construção de um futuro mais igualitário e inclusivo.