
A venda de veículos híbridos e totalmente elétricos no Brasil pode superar os emplacamentos de modelos a combustão já em 2030, segundo um estudo divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
A pesquisa foi realizada pelo Boston Consulting Group (BCG) a pedido da Anfavea, durante o primeiro semestre de 2024, com a participação de agentes do setor automotivo, representantes do governo e consumidores.
De acordo com o levantamento, a adoção de veículos eletrificados, que incluem tanto os híbridos quanto os totalmente elétricos, pode alcançar mais de 90% das vendas de novos carros no Brasil até 2040.
Atualmente, os modelos eletrificados representam pouco mais de 7% das vendas de veículos novos no país.
O estudo surge em um momento de expansão da presença de marcas chinesas no mercado brasileiro, como a BYD e a GWM, que importam grandes volumes de veículos eletrificados, além de iniciarem operações locais com fábricas próprias. Outras marcas, como a Zeekr, também estão se preparando para entrar no Brasil.
Apesar da aceleração da eletrificação em nível global, as montadoras brasileiras ainda apresentam um ritmo mais lento de adoção de novas tecnologias, principalmente quando comparadas às suas matrizes no exterior.
Para o setor de veículos pesados, que engloba caminhões e ônibus, o estudo aponta que as vendas de modelos com novas tecnologias de propulsão, como os elétricos, podem representar 60% do mercado até 2040. No caso dos ônibus urbanos, a projeção é que os modelos elétricos superem 50% já em 2035.
Em termos de emissões, o estudo revela que a indústria automotiva no Brasil atualmente é responsável por 242 milhões de toneladas de CO2 por ano, o que equivale a cerca de 13% das emissões totais do país. Se a trajetória de crescimento das emissões continuar como está, a quantidade de CO2 gerada pode alcançar 256 milhões de toneladas até 2040.
No entanto, o estudo destaca que é possível reduzir em 281 milhões de toneladas as emissões acumuladas entre 2023 e 2040, caso haja uma combinação de esforços entre o avanço das novas tecnologias e o uso de biocombustíveis.
“O Brasil tem grande potencial para combinar tecnologias automotivas inovadoras com a força dos biocombustíveis”, afirmou Masao Ukon, diretor executivo do segmento automotivo do BCG para América do Sul.
“Este avanço está condicionado ao desenvolvimento de um ecossistema envolvendo fornecedores, infraestrutura de recarga, produção e distribuição de energia e biocombustíveis”, completou o executivo.